As guerras acontecidas ao longo da história eram de conquista de território, as cidades eram invadidas, seus habitantes dizimados e a sua cultura era reprimida, desde o cerceamento à da liberdade de expressão à destruição de prédios, monumentos, patrimônio arquitetônico que contribuíam para a história cultural como símbolos de identidade da região invadida.
Desde a década de 40, com a construção da Ponte Presidente Dutra que culminou com a demolição do prédio da Estação Ferroviária Leste, Juazeiro, cidade que fica ao norte da Bahia, a 500 Km da capital Salvador, sofre com a demolição de seu patrimônio histórico. Os responsáveis por esse descaso são o poder público e o empresariado local, sendo isto uma característica destas guerras: a demolição da memória e da cultura..
Na década de 90, o anseio pela demolição culminou com a derrubada do cais da cidade, na beira do rio. Beira do rio, mesmo! Pois, orla é um nome novo na cidade. Juazeiro começa a ter as características das guerras medievais, sua cultura está sendo demolida. No lugar do cais, são colocados dois canos de ferros, paralelos e amarelos. Próximo a ponte, uma figura arquitetônica que se assemelha, e muito, com a letra inicial do nome do então prefeito, M – maiúsculo – e com luzes apontando para ele.
A partir disso, deu pra perceber que era possível destruir o patrimônio histórico da cidade e não aconteceria nada, não havia lei municipal que impedisse a demolição.
Vários prédios foram derrubados: Restaurante da Cidade, Requinte Móveis, os prédios das ruas da Apolo e Vinte e Oito de Setembro. Há seis anos, o prefeito em vigor criou uma lei municipal, através da sua Fundação Cultural, que visava proteger o patrimônio histórico e imaterial de juazeiro.
Parece que a Lei criada não adiantou, pois os prédios voltaram a ser derrubados, e a “Lei” vem sendo desrespeitada. A demolição mais recente foi à casa do ex-prefeito de Juazeiro Durval Barbosa. O prédio é antigo, com mais de cem anos de fundição. Pertencia a família Viana, representada pelo ex-farmacêutico Adolfo Viana, nome que denomina a avenida (antes travessa) que passa em frente a casa. Estava localizada atrás da catedral de Nossa Senhora das Grotas, a Vila Amália, em homenagem a mulher de Dr. Adolfo.
Vê aquele vazio na Avenida Adolfo Viana, faz meu coração saltar a boca. Que absurdo! Toda vez que passo por ali, vem o sentimento de perda. Como nas guerras, estão acabando com a nossa memória, nossa cultura. E devemos tomar cuidado e fazer esta lei funcionar, mas pelo que parece, o poder público não oferece muita importância a este tipo de cultura. Assim, ficamos órfãos de mais um prédio. Tomei conhecimento que uma das filhas de Durval Barbosa sentiu-se mal e teve que ir para o hospital. Meu diagnóstico: ela sofreu de desgosto ao ver a casa que brincou na infância-adolescência ir ao chão. O que dirá aos mais jovens da sua família: lá tinha um porão, o piso era de assoalho, havia uma estátua no jardim, as paredes eram de adobão. Conta-se pela cidade que havia mosaico de cerâmica portuguesa. As estátuas dos cachorrinhos que ficavam a porta também.
Entrei ali algumas vezes. Quando foi escola Padre José de Anchieta, brinquei muito, pois um amigo estudava lá. Era ótimo! Bons tempos. Em seguida começou a fase de aluguéis mais comerciais ainda. De locadora a loja de roupa. Era o prenúncio.
Enfim, a derrubada. O empresário local que realizou esta demolição não respeitou a cultura local, pensou apenas no lucro que irá obter com a venda ou o aluguel daquele que será, certamente, mais um ponto comercial da cidade. Todas as cidades do mundo têm uma mistura de modernidade e tradição cultural e, para quem não sabe, o patrimônio histórico faz parte da formação do ser humano. Aquele prédio não pertencia ao primeiro dono nem ao segundo nem ao grande empresário que a derrubou, e sim a história da cidade, da nossa Juazeiro. O valor monetário do imóvel é irrelevante em função do valor cultural.
Enquanto isso, o poder público nada tem a declarar, pois parece não saber lidar com isso. Parece despreparada. O Órgão gestor nada fez. O gabinete, pior ainda. Nossos vereadores não fizeram esta Lei existente valer. Parece que o prefeito não reconhece a Lei por ter sido homologada numa outra gestão. Os prédios da Estação Ferroviária de Piranga, segundo os antigos gestores da extinta fundação cultural, estavam prestes a receber ajuda financeira para revitalização. De lá pra cá, nada foi feito e o projeto esvaiu-se.
E assim vamos perdendo a nossa cultura, nossa arquitetura. Quer dizer, estão destruindo o patrimônio histórico da cidade, a possibilidade de conhecimento de outros tempos, de outras artes. E com a falta de preparo do poder público para ações de políticas culturais com o foco na formação do cidadão, a situação ficará pior ainda.
Desde a década de 40, com a construção da Ponte Presidente Dutra que culminou com a demolição do prédio da Estação Ferroviária Leste, Juazeiro, cidade que fica ao norte da Bahia, a 500 Km da capital Salvador, sofre com a demolição de seu patrimônio histórico. Os responsáveis por esse descaso são o poder público e o empresariado local, sendo isto uma característica destas guerras: a demolição da memória e da cultura..
Na década de 90, o anseio pela demolição culminou com a derrubada do cais da cidade, na beira do rio. Beira do rio, mesmo! Pois, orla é um nome novo na cidade. Juazeiro começa a ter as características das guerras medievais, sua cultura está sendo demolida. No lugar do cais, são colocados dois canos de ferros, paralelos e amarelos. Próximo a ponte, uma figura arquitetônica que se assemelha, e muito, com a letra inicial do nome do então prefeito, M – maiúsculo – e com luzes apontando para ele.
A partir disso, deu pra perceber que era possível destruir o patrimônio histórico da cidade e não aconteceria nada, não havia lei municipal que impedisse a demolição.
Vários prédios foram derrubados: Restaurante da Cidade, Requinte Móveis, os prédios das ruas da Apolo e Vinte e Oito de Setembro. Há seis anos, o prefeito em vigor criou uma lei municipal, através da sua Fundação Cultural, que visava proteger o patrimônio histórico e imaterial de juazeiro.
Parece que a Lei criada não adiantou, pois os prédios voltaram a ser derrubados, e a “Lei” vem sendo desrespeitada. A demolição mais recente foi à casa do ex-prefeito de Juazeiro Durval Barbosa. O prédio é antigo, com mais de cem anos de fundição. Pertencia a família Viana, representada pelo ex-farmacêutico Adolfo Viana, nome que denomina a avenida (antes travessa) que passa em frente a casa. Estava localizada atrás da catedral de Nossa Senhora das Grotas, a Vila Amália, em homenagem a mulher de Dr. Adolfo.
Vê aquele vazio na Avenida Adolfo Viana, faz meu coração saltar a boca. Que absurdo! Toda vez que passo por ali, vem o sentimento de perda. Como nas guerras, estão acabando com a nossa memória, nossa cultura. E devemos tomar cuidado e fazer esta lei funcionar, mas pelo que parece, o poder público não oferece muita importância a este tipo de cultura. Assim, ficamos órfãos de mais um prédio. Tomei conhecimento que uma das filhas de Durval Barbosa sentiu-se mal e teve que ir para o hospital. Meu diagnóstico: ela sofreu de desgosto ao ver a casa que brincou na infância-adolescência ir ao chão. O que dirá aos mais jovens da sua família: lá tinha um porão, o piso era de assoalho, havia uma estátua no jardim, as paredes eram de adobão. Conta-se pela cidade que havia mosaico de cerâmica portuguesa. As estátuas dos cachorrinhos que ficavam a porta também.
Entrei ali algumas vezes. Quando foi escola Padre José de Anchieta, brinquei muito, pois um amigo estudava lá. Era ótimo! Bons tempos. Em seguida começou a fase de aluguéis mais comerciais ainda. De locadora a loja de roupa. Era o prenúncio.
Enfim, a derrubada. O empresário local que realizou esta demolição não respeitou a cultura local, pensou apenas no lucro que irá obter com a venda ou o aluguel daquele que será, certamente, mais um ponto comercial da cidade. Todas as cidades do mundo têm uma mistura de modernidade e tradição cultural e, para quem não sabe, o patrimônio histórico faz parte da formação do ser humano. Aquele prédio não pertencia ao primeiro dono nem ao segundo nem ao grande empresário que a derrubou, e sim a história da cidade, da nossa Juazeiro. O valor monetário do imóvel é irrelevante em função do valor cultural.
Enquanto isso, o poder público nada tem a declarar, pois parece não saber lidar com isso. Parece despreparada. O Órgão gestor nada fez. O gabinete, pior ainda. Nossos vereadores não fizeram esta Lei existente valer. Parece que o prefeito não reconhece a Lei por ter sido homologada numa outra gestão. Os prédios da Estação Ferroviária de Piranga, segundo os antigos gestores da extinta fundação cultural, estavam prestes a receber ajuda financeira para revitalização. De lá pra cá, nada foi feito e o projeto esvaiu-se.
E assim vamos perdendo a nossa cultura, nossa arquitetura. Quer dizer, estão destruindo o patrimônio histórico da cidade, a possibilidade de conhecimento de outros tempos, de outras artes. E com a falta de preparo do poder público para ações de políticas culturais com o foco na formação do cidadão, a situação ficará pior ainda.