“A noite em que me queiras desde o azul do céu
As estrelas ciumentas nos olharão passar
E um raio misterioso fará um ninho em seus cabelos
Vagalume curioso que verá
Que você é meu consolo”
Como é bom ouvir boa música. Ouvir um belo canto. Refiro-me à Lúcia Costa, que tive o prazer de apreciar no pocket show “A noite do Meu Bem”, dirigido e concebido por Cássio Lucena e que emocionou a todos ao cantar a música “A noite que me queiras”, composição de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera .
O espetáculo aconteceu na Sociedade 21 de Setembro, em Petrolina, no último domingo e nos remeteu aos tempos áureos dos cantores do rádio, dos seresteiros da noite, do luar, que me fez sentir nostalgia de um tempo em que não vivi, mas pude conhecer e gostar por meio de meu pai, Toinho de Zé Maguinho, e dos livros que contam a história desse tempo.
Uma diva à la Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Lúcia Costa alcançou o seu objetivo, causou emoção a quem lhe ouviu pelo seu cantar, elegância . “Ave Maria no Morro”, de Herivelto Martins, é uma linda canção e foi cantada divinamente por ela. Os outros cantores que se apresentaram não conseguiram o mesmo feedback por não terem vivido aquele tempo e, talvez, por não ter havido uma doação, uma entrega às músicas que foram entoadas. Alan Cléber cantou bem, ao seu estilo deu novas entonações musicais a canções que não costumo ouvi-lo cantar. Os outros intérpretes também estiveram bem, cantaram o que sabem cantar.
Com belas canções que fazem referência ao sentimento de dor e alegria que margeia o amor, o espetáculo me fez lembrar também de como Juazeiro e Petrolina foram palcos de grandes músicos que são contemporâneos dos artistas dos anos 40. Fernando do Sax, Bosquinho, Raimundo Felipão, Geovaneli, Edésio Santos. Estes são alguns dos bons músicos das cidades irmãs que animaram e emocionaram muitas gerações.
Uma outra momento emocionante no espetáculo foi a dublagem feita por Geraldo Pontes da voz da Rainha do Rádio, Dalva de Oliveira, uma performance contida, mas exuberante e que nos fez lembrar a singeleza de quem ainda é a “Rainha”. Parabéns, Geraldo.
Sem desmerecer as canções e composições do tempo atual, as canções encenadas no espetáculo exigiam uma maior afinação, disciplina no canto, respiração correta e uma dose maior de emoção. Não que isso estivesse omisso, mas acredito que poderia ser melhor. Senti a falta da voz vibrante dos seresteiros, mas um vibrante suave, como ninguém mais canta. Inclusive não os vi por lá, talvez tenham ido no dia anterior. E gostaria de vê-los ali, numa espécie de homenagem a quem fez e continua fazendo música em Petrolina e Juazeiro, pois “Cumpadre Fernando” (como aprendi a chamá-lo) ainda é maestro, Bosco e meu pai têm um Grupo de Chorinho e os demais já se foram e os não citados tocam por diversão.
“A Noite do Meu Bem” trouxe esse resgate da memória musical da época de ouro do rádio. Foi uma boa idéia dirigir cantores novos interpretando musicas antigas, mas não velhas. Cássio está de parabéns por fazer com que os novos intérpretes cantem outras músicas, saindo um pouco da mesmice musical que passamos nos dias de hoje.
Do show, fica a lição de quem foi a grande dama da noite para os novos intérpretes, pois, imagino, os cantores tiveram um grande aprendizado por participar de um musical ao lado de uma grande musicista. Caberia um “A Noite do meu Bem 2” e fica a sugestão de convite a um dos músicos da velha guarda citados para entoar o seus instrumentos e as suas vozes. A mim, resta-me agradecer a voz e emoção de Lucia Costa e aos tantos outros cantores quem me fizeram apreciar uma boa música.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Three Little Birds ( BOB MARLEY)
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficará bem
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficara bem
Levante-se esta manha
Sorrindo com o raio de sol
Três pequenos pássaros
Pousando no degrau da minha porta
Cantando doces canções
De melodias puras e verdadeiras
Dizendo, esta é minha mensagem para você:
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficará bem
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficara bem
Porque cada pequena coisa ficará bem
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficara bem
Levante-se esta manha
Sorrindo com o raio de sol
Três pequenos pássaros
Pousando no degrau da minha porta
Cantando doces canções
De melodias puras e verdadeiras
Dizendo, esta é minha mensagem para você:
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficará bem
Não se preocupe com as coisas
Porque cada pequena coisa ficara bem
terça-feira, 9 de outubro de 2007
O dia em que uma caravana passou por aqui
Passou uma caravana pelo Vale do São Francisco. Foi a Caravana do Jornal Nacional, que tem o objetivo de aproximar, até mesmo geograficamente, o JN do público e também saber dele seus anseios, inquietudes etc. e tal. Como qualquer um que foi lá – ou não –assistir àquele circo montado, um show business, um espetáculo, um programa de TV disfarçado de telejornalismo, um "showrnalismo", tenho o direito de questionar o que estava posto à população ribeirinha.
O que aconteceu na segunda-feira (28/8), em Petrolina (PE), foi mais uma demonstração do poderio e da capacidade de manipulação que a mídia tem sobre as pessoas. Principalmente a Globo, um conglomerado que tem na biografia doenças como miopia, cegueira, surdez e todas as outras que corrompem o poder de percepção dos humanos. Mais uma manifestação do sistema que aliena a grande massa e se aproveita do jornalismo para expandir seu império.
De quebra, matérias conhecidas sobre o Nordeste, de muita seca e pouca potencialidade. Ana das Carrancas foi bem-apresentada, mas não conseguiu se sobrepor aos males. Para ilustrar, a campanha, ops!, a caravana encerra uma das reportagens com um nordestino banguela, sem dentes, contribuindo para a construção do imaginário negativo, cujas formas são montadas a partir dessas matérias sobre chão rachado, gente feia, lugar seco, entre outros males.
Papel de vigilância
E quanta exaltação ao agronegócio, hein? O que trouxe de bom esse sistema agrícola? Riqueza. Para quem? Esse vale tão cantado em verso e prosa, como a terra da irrigação, que produz muito... Produz para quem? Quem come o que se produz aqui em Juazeiro, Petrolina e região?
Questiono porque sou jovem, por estudar Jornalismo, por gostar da profissão e por ser juazeirense e petrolinense e nordestino. Ao comentar a caravana com colegas e parentes, chamaram-me radical, extremista. Adjetivos que levo por não cruzar os braços ao que está posto e não fechar os olhos ao que acontece.
A mídia local fez o papel dela: o de entrevistar as estrelas, pois não é todo dia que o galã, quer dizer, o jornalista Willian Bonner visita a região. Isso, ele esteve aqui, seus fãs tiraram fotos para guardar de lembrança. Apesar do antigo status de estrela de Hollywood, mostrou espanto ao notar a multidão a suas costas para vê-los – pois o Bial também estava lá. Nesses momentos acho que eles refletem, principalmente o Bonner, sobre o fato de estarem nas casas das pessoas todos os dias, criando vínculos pessoais. Pela capacidade jornalística ou pela estética?
Caros futuros colegas jornalistas, pensem, reflitam sobre o papel de vigilância – se é que já existiu – do jornalismo, seus pilares e sua importância, e prestem mais atenção no poder manipulador que a mídia exerce sobre as pessoas.
Este texto publicado no Observatorio da Imprensa http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=397IMQ008
O que aconteceu na segunda-feira (28/8), em Petrolina (PE), foi mais uma demonstração do poderio e da capacidade de manipulação que a mídia tem sobre as pessoas. Principalmente a Globo, um conglomerado que tem na biografia doenças como miopia, cegueira, surdez e todas as outras que corrompem o poder de percepção dos humanos. Mais uma manifestação do sistema que aliena a grande massa e se aproveita do jornalismo para expandir seu império.
De quebra, matérias conhecidas sobre o Nordeste, de muita seca e pouca potencialidade. Ana das Carrancas foi bem-apresentada, mas não conseguiu se sobrepor aos males. Para ilustrar, a campanha, ops!, a caravana encerra uma das reportagens com um nordestino banguela, sem dentes, contribuindo para a construção do imaginário negativo, cujas formas são montadas a partir dessas matérias sobre chão rachado, gente feia, lugar seco, entre outros males.
Papel de vigilância
E quanta exaltação ao agronegócio, hein? O que trouxe de bom esse sistema agrícola? Riqueza. Para quem? Esse vale tão cantado em verso e prosa, como a terra da irrigação, que produz muito... Produz para quem? Quem come o que se produz aqui em Juazeiro, Petrolina e região?
Questiono porque sou jovem, por estudar Jornalismo, por gostar da profissão e por ser juazeirense e petrolinense e nordestino. Ao comentar a caravana com colegas e parentes, chamaram-me radical, extremista. Adjetivos que levo por não cruzar os braços ao que está posto e não fechar os olhos ao que acontece.
A mídia local fez o papel dela: o de entrevistar as estrelas, pois não é todo dia que o galã, quer dizer, o jornalista Willian Bonner visita a região. Isso, ele esteve aqui, seus fãs tiraram fotos para guardar de lembrança. Apesar do antigo status de estrela de Hollywood, mostrou espanto ao notar a multidão a suas costas para vê-los – pois o Bial também estava lá. Nesses momentos acho que eles refletem, principalmente o Bonner, sobre o fato de estarem nas casas das pessoas todos os dias, criando vínculos pessoais. Pela capacidade jornalística ou pela estética?
Caros futuros colegas jornalistas, pensem, reflitam sobre o papel de vigilância – se é que já existiu – do jornalismo, seus pilares e sua importância, e prestem mais atenção no poder manipulador que a mídia exerce sobre as pessoas.
Este texto publicado no Observatorio da Imprensa http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=397IMQ008
Movimentos sociais populares e uma classe social descontente
“Quando as cercas caírem no chãoQuando às mesas se encherem de pãoEu vou cantar”
Nos versos de Zé Vicente se percebe um clamor pela paz, que os ânimos da luta pela terra sejam acalmados e a situação seja resolvida. A cerca do latifúndio não quer sair, mesa cheia de pão está difícil na do pobre - que não é sem terra, nem sem-terra, imagine na de quem é? Você, meu caro leitor, já passou um dia ou uma manhã que seja num acampamento? Provavelmente, conhece o movimento pelos discursos presentes na televisão, jornal, rádio.
A Reforma Agrária é um sonho antigo para os camponeses. E este sonho fica distante a cada dia que passa. Este distanciamento é provocado pela estratégia de manifestação confusa que os líderes do MST propõem para o restante do movimento que são açoitados pelo “espírito de rebanho” e vão... Lá se deparam com outras situações e são alvo da “Grande Imprensa” que aproveita deste deslize para desqualificar os movimentos sociais num todo, fazendo toda uma campanha de desmobilização e construindo uma opinião pública contrária aos movimentos sociais populares.
Legítimo agora é estar “Cansado”. Antes, há uns tempos atrás, pouco tempo por sinal, estavam todos dispostos. Movimento bom agora é o que a elite nacional faz com camisas bem transadas, que servem para ir a uma festa (vejam só!). Artistas “populares” que nunca cantaram um protestozinho sequer, , vivem, agora, cansados. Apresentadores e apresentadoras de TV também e ainda choram. Que comovente!
Antes ninguém cansava do MST, nem de Governos passados, seja federal ou estadual. Batia palmas. Chorava os mortos de Eldorado dos Carajás. Mas os líderes do movimento contribuem, às vezes, para um defasamento da imagem das lutas sociais, e a grande mídia se apropria disso e a opinião púbica aceita. Daí vem os comentários dos cidadãos, que parecem ser tão passivos à mensagem que chego a refletir sobre o poder de análise da mediação das mensagens: “são tudo(sic) uns safados”, “bucado(sic) de bandidos”, “esses sem-terra são tudo barão, cheios do dinhieiro”, “fulano de tal é sem-terra”.Entretanto, alguém que fala isso, por acaso é o mesmo que vive de acampamento em acampamento, tendo que sobreviver – digo sobreviver -, com migalhas de comida e roupas esfarrapadas? Também gostaria de entender melhor este conceito de safadeza. Em que sentido? Será que também não é pilantra aquele que passou a perna no colega para ficar com um cargo público ou privado? E o grampo no painel do senado? De dólar na cueca, nem vou falar. Ninguém cansou da emenda que dava direito à reeleição? E do saneamento básico de uma cidade da qual já era para ter sido realizado há mais de 15 anos,uma CPI apurou, o procurador da república deu um parecer, apontou os supostos culpados e a situação permanece impune. Ninguém chama isso de safadeza?
Acho que está na hora do “Movimento Abusei” ou o “ Enchi o Saco”, que tal? Não faço defesa de Governo algum, apenas peço uma reflexão, principalmente dos letrados, que seja mais apurada. O que se vê não são argumentos, apenas palavrões que incitam os cidadãos a se rebelarem contra o que eles não sabem nem o quê. Interessante é que estes movimentos não atingem a grande população brasileira, que parece não estar cansada e sim aliviada de tantos outros tempos difíceis, passados no chicote e na mão dura, enriquecendo quem agora faz “movimento social”.
Há um discurso que diz não existir mais direita e esquerda, mas quem mais propaga isso é o que ainda hoje se configura como direita. E esse discurso é aceito de um modo tão passivo que percebo que esta estratégia de desfacelamento e uma não propagação de um outro Lula é bem articulada, até a luta de classes já não é mais legitimada nem por quem é de esquerda.
O MST sempre foi alvo desse grupo social que detém poderes públicos e simbólicos e são capazes das mais diversas práticas inescrupulosas para conseguir os seus objetivos e anular as lutas sociais. E ainda mais agora com as estratégias de manifestação do MST que chegam a desrespeitar o seu semelhante, o trabalhador rural, que também é explorado pelos grandes grupos. É o que ocorreu com os funcionários da empresa rural Mariad, localizada em Juazeiro, Bahia, que teve o seu dono preso por envolvimento com tráfico internacional de drogas e teve a propriedade invadida pelos sem-terra ameaçando a permanência dos trabalhadores no seu local de trabalho e a negociação do pagamento dos salários, além da própria garantia do emprego futuro.
Diante disso, o MST teria perdido o foco da luta pela igualdade social ficando a mercê de comentários descabidos da elite e da própria população brasileira. Antes, no Brasil e na região semi-árida, de onde profiro estas palavras, o problema era a cerca e não a sêca. Agora eu nem sei mais o que é.
Nos versos de Zé Vicente se percebe um clamor pela paz, que os ânimos da luta pela terra sejam acalmados e a situação seja resolvida. A cerca do latifúndio não quer sair, mesa cheia de pão está difícil na do pobre - que não é sem terra, nem sem-terra, imagine na de quem é? Você, meu caro leitor, já passou um dia ou uma manhã que seja num acampamento? Provavelmente, conhece o movimento pelos discursos presentes na televisão, jornal, rádio.
A Reforma Agrária é um sonho antigo para os camponeses. E este sonho fica distante a cada dia que passa. Este distanciamento é provocado pela estratégia de manifestação confusa que os líderes do MST propõem para o restante do movimento que são açoitados pelo “espírito de rebanho” e vão... Lá se deparam com outras situações e são alvo da “Grande Imprensa” que aproveita deste deslize para desqualificar os movimentos sociais num todo, fazendo toda uma campanha de desmobilização e construindo uma opinião pública contrária aos movimentos sociais populares.
Legítimo agora é estar “Cansado”. Antes, há uns tempos atrás, pouco tempo por sinal, estavam todos dispostos. Movimento bom agora é o que a elite nacional faz com camisas bem transadas, que servem para ir a uma festa (vejam só!). Artistas “populares” que nunca cantaram um protestozinho sequer, , vivem, agora, cansados. Apresentadores e apresentadoras de TV também e ainda choram. Que comovente!
Antes ninguém cansava do MST, nem de Governos passados, seja federal ou estadual. Batia palmas. Chorava os mortos de Eldorado dos Carajás. Mas os líderes do movimento contribuem, às vezes, para um defasamento da imagem das lutas sociais, e a grande mídia se apropria disso e a opinião púbica aceita. Daí vem os comentários dos cidadãos, que parecem ser tão passivos à mensagem que chego a refletir sobre o poder de análise da mediação das mensagens: “são tudo(sic) uns safados”, “bucado(sic) de bandidos”, “esses sem-terra são tudo barão, cheios do dinhieiro”, “fulano de tal é sem-terra”.Entretanto, alguém que fala isso, por acaso é o mesmo que vive de acampamento em acampamento, tendo que sobreviver – digo sobreviver -, com migalhas de comida e roupas esfarrapadas? Também gostaria de entender melhor este conceito de safadeza. Em que sentido? Será que também não é pilantra aquele que passou a perna no colega para ficar com um cargo público ou privado? E o grampo no painel do senado? De dólar na cueca, nem vou falar. Ninguém cansou da emenda que dava direito à reeleição? E do saneamento básico de uma cidade da qual já era para ter sido realizado há mais de 15 anos,uma CPI apurou, o procurador da república deu um parecer, apontou os supostos culpados e a situação permanece impune. Ninguém chama isso de safadeza?
Acho que está na hora do “Movimento Abusei” ou o “ Enchi o Saco”, que tal? Não faço defesa de Governo algum, apenas peço uma reflexão, principalmente dos letrados, que seja mais apurada. O que se vê não são argumentos, apenas palavrões que incitam os cidadãos a se rebelarem contra o que eles não sabem nem o quê. Interessante é que estes movimentos não atingem a grande população brasileira, que parece não estar cansada e sim aliviada de tantos outros tempos difíceis, passados no chicote e na mão dura, enriquecendo quem agora faz “movimento social”.
Há um discurso que diz não existir mais direita e esquerda, mas quem mais propaga isso é o que ainda hoje se configura como direita. E esse discurso é aceito de um modo tão passivo que percebo que esta estratégia de desfacelamento e uma não propagação de um outro Lula é bem articulada, até a luta de classes já não é mais legitimada nem por quem é de esquerda.
O MST sempre foi alvo desse grupo social que detém poderes públicos e simbólicos e são capazes das mais diversas práticas inescrupulosas para conseguir os seus objetivos e anular as lutas sociais. E ainda mais agora com as estratégias de manifestação do MST que chegam a desrespeitar o seu semelhante, o trabalhador rural, que também é explorado pelos grandes grupos. É o que ocorreu com os funcionários da empresa rural Mariad, localizada em Juazeiro, Bahia, que teve o seu dono preso por envolvimento com tráfico internacional de drogas e teve a propriedade invadida pelos sem-terra ameaçando a permanência dos trabalhadores no seu local de trabalho e a negociação do pagamento dos salários, além da própria garantia do emprego futuro.
Diante disso, o MST teria perdido o foco da luta pela igualdade social ficando a mercê de comentários descabidos da elite e da própria população brasileira. Antes, no Brasil e na região semi-árida, de onde profiro estas palavras, o problema era a cerca e não a sêca. Agora eu nem sei mais o que é.
Cenas e atos de uma Sociedade Hipócrita
Nos últimos meses, os debates públicos foram permeados por questões que iam da hipocrisia à ética. O país viveu um momento importante na história do Congresso Nacional, quando o Conselho de Ética apontou desvios de conduta e hipocrisia na vida parlamentar de Senadores. Contudo, os debates saltam os muros do Senado e rodeiam toda a sociedade brasileira, quiçá Mundial.
Outro dia ouvi de um colega “desculpe a sinceridade, mas você está com um discurso hipócrita”. Perguntei-lhe o motivo de tal afirmação. Respondeu-me dizendo que o meu discurso anterior confrontava com o que nós conversávamos naquele momento. Eu fiz a minha defesa, dizendo que a maturidade lhe dá outros meios de discursar sobre pontos de vistas, inclusive divergindo de pensamentos anteriores.
Fui saber, ao pé-da-letra, o que é Hipocrisia. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando representar ou fingir. Outras pesquisas são feitas e os resultados continuam neste prisma. Continuando, descobri que o escritor francês François duc de la Rochefoucauldque, que viveu no século XVII, dissertou uma opinião semelhante sobre o tema em questão, afirmando que "a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude." Sendo assim, não consegui me inserir nas faculdades da Hipocrisia.
Relaciono a hipocrisia à ética. Parecem ser duas faculdades distintas, mas têm um relacionamento muito parecido. Se tu és ético, não é hipócrita e vice-versa.
Consigo perceber atos antiéticos e hipócritas a todo instante. Fico a me policiar para tais atos, até que consigo, mas sempre cometo um deslize. Não me julgo para saber se o vacilo é grave ou não, pois coloco estas instituições da moral num mesmo patamar do pecado. A gula seria tão comprometedor quanto matar. Destarte, furar uma fila ou pedir a um diretor de colégio público uma “vaguinha” para o filho é tão agressivo e imoral quanto solicitar ao seu amigo lobista que pague a pensão de seu filho bastardo.
Rotineiramente, presencio cenas parecidas. Outro dia estava na fila do Restaurante Popular em Petrolina quando, subitamente, me aparecem dois estudantes convidados por uma outra a ficarem ao seu lado e adiantarem a saciedade de sua fome, pois os convidados estavam ao final da fila. Estudantes, jovens como eu, mas que não parecem estar nem um pouco preocupados com ética ou hipocrisia. Que moral teriam para falar do Senador Renan Calheiros? Parece ser o “olho por olho, dente por dente”, pois se o Senador infringe, eu também posso. Na hora em que foi lavar as mãos, antes de comer, o rapaz apagava a “cola” que teria utilizado para realizar a prova, mas pelos seus comentários acabou não funcionando.
O policiamento dos cidadãos em relação à postura ética deve ser constante senão cairão em tentação e cederão aos mais variados instintos e costumes imorais enraizados na cultura brasileira, do jeitinho, leve, mas que ofende, e passa por cima de todos.
Outro fato curioso: mês passado, ouvi muitos comentários sobre o Filme “Tropa de Elite”. Pensando que o filme já tinha tido lançamento, procurava nas locadoras de vídeo e descobria que não, o que as pessoas comentavam eram de cópias piratas. Vejam só, o filme que - pelo que li - faz uma exaltação aos excessos da polícia e tráz um argumento simplista como se a culpa da existência do tráfico fosse apenas do usuário, como se no mundo não existisse isso( liga pra Suíça e pergunta se fumam maconha por lá). Pois, o referido filme foi objeto de análise sobre questões éticas e hipócritas, porque policiais assistiram ao filme através de uma cópia pirata e eu não assisti, inclusive recusei convites. Li na revista que o Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro achava que a ação policial tinha que ser daquele jeito, em uma alusão aos regimes ditatoriais ou uma espécie de volta à barbárie.
É por essas e outras práticas que a humanidade caminha em plena era pós-moderna com lembranças atrozes de eras passadas e arrotam por aí que vivemos numa civilidade. Aonde? Em que lugar? Alguém poderia me situar?
Caso criássemos a Ética Geral Aplicada ao Cotidiano e que a Deontologia tivesse um poder coercitivo, talvez nem viveríamos, ou a sociedade continuaria a ser hipócrita, demagoga e daríamos um “jeitinho” de construirmos um projeto de lei que abolisse esta tal de ética.
Outro dia ouvi de um colega “desculpe a sinceridade, mas você está com um discurso hipócrita”. Perguntei-lhe o motivo de tal afirmação. Respondeu-me dizendo que o meu discurso anterior confrontava com o que nós conversávamos naquele momento. Eu fiz a minha defesa, dizendo que a maturidade lhe dá outros meios de discursar sobre pontos de vistas, inclusive divergindo de pensamentos anteriores.
Fui saber, ao pé-da-letra, o que é Hipocrisia. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando representar ou fingir. Outras pesquisas são feitas e os resultados continuam neste prisma. Continuando, descobri que o escritor francês François duc de la Rochefoucauldque, que viveu no século XVII, dissertou uma opinião semelhante sobre o tema em questão, afirmando que "a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude." Sendo assim, não consegui me inserir nas faculdades da Hipocrisia.
Relaciono a hipocrisia à ética. Parecem ser duas faculdades distintas, mas têm um relacionamento muito parecido. Se tu és ético, não é hipócrita e vice-versa.
Consigo perceber atos antiéticos e hipócritas a todo instante. Fico a me policiar para tais atos, até que consigo, mas sempre cometo um deslize. Não me julgo para saber se o vacilo é grave ou não, pois coloco estas instituições da moral num mesmo patamar do pecado. A gula seria tão comprometedor quanto matar. Destarte, furar uma fila ou pedir a um diretor de colégio público uma “vaguinha” para o filho é tão agressivo e imoral quanto solicitar ao seu amigo lobista que pague a pensão de seu filho bastardo.
Rotineiramente, presencio cenas parecidas. Outro dia estava na fila do Restaurante Popular em Petrolina quando, subitamente, me aparecem dois estudantes convidados por uma outra a ficarem ao seu lado e adiantarem a saciedade de sua fome, pois os convidados estavam ao final da fila. Estudantes, jovens como eu, mas que não parecem estar nem um pouco preocupados com ética ou hipocrisia. Que moral teriam para falar do Senador Renan Calheiros? Parece ser o “olho por olho, dente por dente”, pois se o Senador infringe, eu também posso. Na hora em que foi lavar as mãos, antes de comer, o rapaz apagava a “cola” que teria utilizado para realizar a prova, mas pelos seus comentários acabou não funcionando.
O policiamento dos cidadãos em relação à postura ética deve ser constante senão cairão em tentação e cederão aos mais variados instintos e costumes imorais enraizados na cultura brasileira, do jeitinho, leve, mas que ofende, e passa por cima de todos.
Outro fato curioso: mês passado, ouvi muitos comentários sobre o Filme “Tropa de Elite”. Pensando que o filme já tinha tido lançamento, procurava nas locadoras de vídeo e descobria que não, o que as pessoas comentavam eram de cópias piratas. Vejam só, o filme que - pelo que li - faz uma exaltação aos excessos da polícia e tráz um argumento simplista como se a culpa da existência do tráfico fosse apenas do usuário, como se no mundo não existisse isso( liga pra Suíça e pergunta se fumam maconha por lá). Pois, o referido filme foi objeto de análise sobre questões éticas e hipócritas, porque policiais assistiram ao filme através de uma cópia pirata e eu não assisti, inclusive recusei convites. Li na revista que o Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro achava que a ação policial tinha que ser daquele jeito, em uma alusão aos regimes ditatoriais ou uma espécie de volta à barbárie.
É por essas e outras práticas que a humanidade caminha em plena era pós-moderna com lembranças atrozes de eras passadas e arrotam por aí que vivemos numa civilidade. Aonde? Em que lugar? Alguém poderia me situar?
Caso criássemos a Ética Geral Aplicada ao Cotidiano e que a Deontologia tivesse um poder coercitivo, talvez nem viveríamos, ou a sociedade continuaria a ser hipócrita, demagoga e daríamos um “jeitinho” de construirmos um projeto de lei que abolisse esta tal de ética.
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