Passou uma caravana pelo Vale do São Francisco. Foi a Caravana do Jornal Nacional, que tem o objetivo de aproximar, até mesmo geograficamente, o JN do público e também saber dele seus anseios, inquietudes etc. e tal. Como qualquer um que foi lá – ou não –assistir àquele circo montado, um show business, um espetáculo, um programa de TV disfarçado de telejornalismo, um "showrnalismo", tenho o direito de questionar o que estava posto à população ribeirinha.
O que aconteceu na segunda-feira (28/8), em Petrolina (PE), foi mais uma demonstração do poderio e da capacidade de manipulação que a mídia tem sobre as pessoas. Principalmente a Globo, um conglomerado que tem na biografia doenças como miopia, cegueira, surdez e todas as outras que corrompem o poder de percepção dos humanos. Mais uma manifestação do sistema que aliena a grande massa e se aproveita do jornalismo para expandir seu império.
De quebra, matérias conhecidas sobre o Nordeste, de muita seca e pouca potencialidade. Ana das Carrancas foi bem-apresentada, mas não conseguiu se sobrepor aos males. Para ilustrar, a campanha, ops!, a caravana encerra uma das reportagens com um nordestino banguela, sem dentes, contribuindo para a construção do imaginário negativo, cujas formas são montadas a partir dessas matérias sobre chão rachado, gente feia, lugar seco, entre outros males.
Papel de vigilância
E quanta exaltação ao agronegócio, hein? O que trouxe de bom esse sistema agrícola? Riqueza. Para quem? Esse vale tão cantado em verso e prosa, como a terra da irrigação, que produz muito... Produz para quem? Quem come o que se produz aqui em Juazeiro, Petrolina e região?
Questiono porque sou jovem, por estudar Jornalismo, por gostar da profissão e por ser juazeirense e petrolinense e nordestino. Ao comentar a caravana com colegas e parentes, chamaram-me radical, extremista. Adjetivos que levo por não cruzar os braços ao que está posto e não fechar os olhos ao que acontece.
A mídia local fez o papel dela: o de entrevistar as estrelas, pois não é todo dia que o galã, quer dizer, o jornalista Willian Bonner visita a região. Isso, ele esteve aqui, seus fãs tiraram fotos para guardar de lembrança. Apesar do antigo status de estrela de Hollywood, mostrou espanto ao notar a multidão a suas costas para vê-los – pois o Bial também estava lá. Nesses momentos acho que eles refletem, principalmente o Bonner, sobre o fato de estarem nas casas das pessoas todos os dias, criando vínculos pessoais. Pela capacidade jornalística ou pela estética?
Caros futuros colegas jornalistas, pensem, reflitam sobre o papel de vigilância – se é que já existiu – do jornalismo, seus pilares e sua importância, e prestem mais atenção no poder manipulador que a mídia exerce sobre as pessoas.
Este texto publicado no Observatorio da Imprensa http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=397IMQ008
terça-feira, 9 de outubro de 2007
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