“A noite em que me queiras desde o azul do céu
As estrelas ciumentas nos olharão passar
E um raio misterioso fará um ninho em seus cabelos
Vagalume curioso que verá
Que você é meu consolo”
Como é bom ouvir boa música. Ouvir um belo canto. Refiro-me à Lúcia Costa, que tive o prazer de apreciar no pocket show “A noite do Meu Bem”, dirigido e concebido por Cássio Lucena e que emocionou a todos ao cantar a música “A noite que me queiras”, composição de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera .
O espetáculo aconteceu na Sociedade 21 de Setembro, em Petrolina, no último domingo e nos remeteu aos tempos áureos dos cantores do rádio, dos seresteiros da noite, do luar, que me fez sentir nostalgia de um tempo em que não vivi, mas pude conhecer e gostar por meio de meu pai, Toinho de Zé Maguinho, e dos livros que contam a história desse tempo.
Uma diva à la Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Lúcia Costa alcançou o seu objetivo, causou emoção a quem lhe ouviu pelo seu cantar, elegância . “Ave Maria no Morro”, de Herivelto Martins, é uma linda canção e foi cantada divinamente por ela. Os outros cantores que se apresentaram não conseguiram o mesmo feedback por não terem vivido aquele tempo e, talvez, por não ter havido uma doação, uma entrega às músicas que foram entoadas. Alan Cléber cantou bem, ao seu estilo deu novas entonações musicais a canções que não costumo ouvi-lo cantar. Os outros intérpretes também estiveram bem, cantaram o que sabem cantar.
Com belas canções que fazem referência ao sentimento de dor e alegria que margeia o amor, o espetáculo me fez lembrar também de como Juazeiro e Petrolina foram palcos de grandes músicos que são contemporâneos dos artistas dos anos 40. Fernando do Sax, Bosquinho, Raimundo Felipão, Geovaneli, Edésio Santos. Estes são alguns dos bons músicos das cidades irmãs que animaram e emocionaram muitas gerações.
Uma outra momento emocionante no espetáculo foi a dublagem feita por Geraldo Pontes da voz da Rainha do Rádio, Dalva de Oliveira, uma performance contida, mas exuberante e que nos fez lembrar a singeleza de quem ainda é a “Rainha”. Parabéns, Geraldo.
Sem desmerecer as canções e composições do tempo atual, as canções encenadas no espetáculo exigiam uma maior afinação, disciplina no canto, respiração correta e uma dose maior de emoção. Não que isso estivesse omisso, mas acredito que poderia ser melhor. Senti a falta da voz vibrante dos seresteiros, mas um vibrante suave, como ninguém mais canta. Inclusive não os vi por lá, talvez tenham ido no dia anterior. E gostaria de vê-los ali, numa espécie de homenagem a quem fez e continua fazendo música em Petrolina e Juazeiro, pois “Cumpadre Fernando” (como aprendi a chamá-lo) ainda é maestro, Bosco e meu pai têm um Grupo de Chorinho e os demais já se foram e os não citados tocam por diversão.
“A Noite do Meu Bem” trouxe esse resgate da memória musical da época de ouro do rádio. Foi uma boa idéia dirigir cantores novos interpretando musicas antigas, mas não velhas. Cássio está de parabéns por fazer com que os novos intérpretes cantem outras músicas, saindo um pouco da mesmice musical que passamos nos dias de hoje.
Do show, fica a lição de quem foi a grande dama da noite para os novos intérpretes, pois, imagino, os cantores tiveram um grande aprendizado por participar de um musical ao lado de uma grande musicista. Caberia um “A Noite do meu Bem 2” e fica a sugestão de convite a um dos músicos da velha guarda citados para entoar o seus instrumentos e as suas vozes. A mim, resta-me agradecer a voz e emoção de Lucia Costa e aos tantos outros cantores quem me fizeram apreciar uma boa música.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
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